Não espere mais que eu revele suspiros na sua direção.
Seus poemas declamados em meus ouvidos,agora, não passam de meros ruídos.
De nada adiantarão. Já veio a noite.
O sol se abrigou por detrás das montanhas e chamou a lua para tomar posse do céu. Já é tarde.
Os poemas que,com minhas mãos suadas,esperei saírem da sua boca ressecada,dormiram no ponto,perderam a hora do encontro,chegaram atrasados...
Ainda assim,sua insistência não desiste e me persegue.
E você insiste em resgatar dos meus olhos algum rastro de fagulha e catar na minha pele algum resto do seu cheiro.
Movimentos em vão.
Nada se ficou por mim.
Mas, inconformado,você retorna a me cantar poemas e me olha e depois chora e espera de mim alguma reação que lhe traga novamente um sorriso de fome saciada.
Movimentos em vão. Eu lhe peço que engula cada verso inventado por seu amor demorado. Acostumei-me com o gosto do tempo que,mesmo destemperado,soube enganar aquele sabor incansável (pensava eu) de você.
E não espere que,ao falar o seu nome,seja lá por qual motivo for,alguma fagulha ameace renascer das cinzas que você mesmo pintou nos olhos da minha alma.
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