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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Ao Amor Antigo

O amor antigo vive de si mesmo
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede.
Nada espera,mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor,porém,nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente,mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade

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